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Florianópolis discute soluções para os sistemas metropolitanos de mobilidade


13/05/2014

Na sexta feira (9), foi a vez dos técnicos e gestores municipais de Florianópolis se reunirem para debater problemas e estudar soluções para uma mobilidade integrada na Capital. Foto: Caio Barcellos
Na sexta feira (9), foi a vez dos técnicos e gestores municipais de Florianópolis se reunirem para debater problemas e estudar soluções para uma mobilidade integrada na Capital. Foto: Caio Barcellos

Segundo a Política Nacional de Mobilidade Urbana, definida pela Lei nº 12.587/2012, a mobilidade sustentável é o resultado de um conjunto de políticas de transporte capaz de proporcionar acesso amplo e democrático ao espaço urbano. O texto aponta o transporte coletivo e os não motorizados como prioridades e como formas efetivas, socialmente inclusivas e ecologicamente sustentáveis, para as cidades.

São ideias assim que predominaram nos debates realizados por técnicos municipais e a sociedade civil de Florianópolis durante as Oficinas do PLAMUS – Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis. A rodada de Florianópolis da série de oficinas participativas do PLAMUS reuniu, na sexta-feira (9), técnicos e gestores do município e, no sábado (10), mais de 30 organizações da sociedade civil da capital. O encontro possibilitou a realização de dinâmicas de grupo com foco na identificação de problemas locais e, dos recursos disponíveis, além das possíveis soluções para a mobilidade, com melhorias no acesso à cidade.

Os maiores desafios para a região metropolitana se concentram na capital, uma vez que moradores de diversas cidades dependem dos serviços, órgãos públicos, empresas, universidades que estão concentrados na Ilha. Consequentemente, as oficinas da última sexta e sábado foram importantes para o processo de estudos do PLAMUS.

O secretário municipal de Transportes, Valmir Piacentini, abriu a oficina com gestores e técnicos municipais falando sobre a importância da parceria entre diferentes setores governamentais: "Em nossa busca por uma solução para os problemas de mobilidade, estávamos percebendo que faltava algo, que veio justamente através da parceria entre o Governo do Estado e o BNDES, trazendo para os municípios da Grande Florianópolis a oportunidade de se realizar uma pesquisa de origem e destino envolvendo toda a região".

Para Carlos Eduardo Medeiros, engenheiro do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis – IPUF, “esse plano de mobilidade é a nossa última chance. Isto porque até o momento, embora tenham existido muitos projetos, permanecem as construções sem estudos de impacto que levem em consideração a viabilidade a curto, médio e longo prazo”.

Mais de 30 organizações estiveram representadas na Oficina para a sociedade civil de Florianópolis discutindo soluções para melhorar o acesso à cidade. Foto: Caio Barcellos
Mais de 30 organizações estiveram representadas na Oficina para a sociedade civil de Florianópolis discutindo soluções para melhorar o acesso à cidade. Foto: Caio Barcellos

Diversidade e cooperação

As discussões sobre as origens dos problemas enfrentados pela cidade e as possíveis soluções foram conduzidas num clima de franca cooperação, reunindo os pontos de vista de empresários do transporte coletivo, líderes de movimentos comunitários, incluindo o movimento Passe Livre, arquitetos e urbanistas, engenheiros, advogados, representantes das polícias, de organizações como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC), Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), MObfloripa, Instituto dos Arquitetos do Brasil, Ordem dos Economistas e Floripa Amanhã, entre outras organizações, além do secretário de Transporte, técnicos do IPUF e de diferentes secretarias.

"A gente não podia se omitir nesse momento em que se prepara um plano de mobilidade urbana regional, que é uma reivindicação histórica", disse Maíra Abreu Guimarães, membro do Movimento Passe Livre.

Hélio Costa, consultor em processos de participação social da LOGIT e Daniely Votto, gerente de Relações Estratégicas da EMBARQ Brasil, coordenaram os trabalhos das oficinas. Costa mencionou em sua palestra de apresentação o caso de São Paulo, onde já se fazem estudos dos custos da imobilidade urbana vigente. “Estes são os custos indiretos do sistema como, por exemplo, o tempo que se perde no trânsito e os problemas de saúde gerados pela poluição, entre outros. Esses custos ultrapassam 70 bilhões de reais”, apontou.

Elzio do Espírito Santo Oliveira, diretor da Ordem dos Economistas de Santa Catarina, disse que o custo social da falta de mobilidade é imensurável: “Hoje, por exemplo, véspera de dia das mães, podemos refletir sobre quantas delas já não almoçam mais com seus filhos devido à falta de mobilidade entre sua casa e seu trabalho”.

Durante a dinâmica das oficinas, buscou-se identificar todos os atores envolvidos com a mobilidade urbana, quais recursos cada um deles têm disponível, quais os principais problemas da cidade, suas causas e consequências e, por fim, estudou-se algumas ações e projetos para solucionar esses problemas.

“Para se discutir mobilidade tem que se pensar de forma mais ampla para toda a região”, ressaltou Dárcio Medeiros, arquiteto e diretor técnico do IPUF, avaliando a extensão dos resultados buscados pelo PLAMUS. O empresário José Luiz da Silva Spricio, diretor da Jotur Transportes Coletivos, avaliou positivamente o projeto e as oficinas: “Consideramos que nossos usuários desejam mais agilidade no sistema e para nós é muito importante que o PLAMUS trabalhe nesse sentido, por isso estamos aqui participando”.

“O excesso de carros pode ser considerado como o maior problema da mobilidade, mas na verdade essa não é a causa do problema. A causa é que existe uma relação muito grande de status com o carro, ele tem privilégio sobre a bicicleta e o ônibus. A bicicleta, por exemplo, é utilizada com fins esportivos, para passeio”, lamentou Jurgen Sand, membro da Câmara Distrital da Bacia do Itacorubi, durante os estudos do Plano Diretor Participativo de Florianópolis.

“As cidades deveriam ser planejadas de forma que as áreas residenciais, não ficassem isoladas dos serviços. Existir bairros somente residenciais não é prático para a mobilidade, porque as pessoas têm que se locomover para trabalhar e estudar”, salientou Inayê Pessoa Braga, engenheira de planejamento da Companhia de Gás de Santa Catarina – SCGás.

Ao final dos dois dias de oficinas e trabalhos intensivos, os grupos formados durante as dinâmicas já apontavam alguns consensos, como a importância de um conselho integrado de mobilidade urbana da Grande Florianópolis.

Os resultados completos das oficinas de Florianópolis serão sistematizados e publicados em junho na seção Downloads do site do PLAMUS. Aproveite e acompanhe aqui o cronograma para as próximas oficinas que reunirão técnicos, gestores e a sociedade civil de Palhoça, Águas Mornas, Angelina, Anitápolis, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São Pedro de Alcântara.


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