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Propostas do PLAMUS para solucionar a mobilidade são apresentadas na Grande Florianópolis


Corpo técnico do estudo está realizando seminário e oficinas com exposição do diagnóstico da situação, sugestões de melhorias e debate aberto ao público dos 13 municípios participantes

09/12/2014

Mais de uma centena de pessoas entre, líderes e representantes da sociedade, assistiu à apresentação de propostas do PLAMUS em Florianópolis
Mais de 100 de pessoas, entre técnicos e representantes da sociedade civil, assistiu a apresentação do PLAMUS em Florianópolis. 

Pesquisas, estudos, oficinas e discussões, tudo para desenvolver soluções tecnicamente adequadas e discutidas de forma participativa pela Grande Florianópolis. Foram dez meses de convívio intenso entre especialistas, técnicos, gestores municipais e a sociedade civil dos 13 municípios beneficiados pelo PLAMUS – Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis. Agora, os resultados dos estudos e das oficinas começam a ser apresentados e debatidos em eventos destinados a dar seguimento ao processo participativo junto aos técnicos e representantes da sociedade civil da Grande Florianópolis.

As apresentações tiveram início com o Seminário de Apresentação dos Resultados das Pesquisas do PLAMUS. A consultora Claudia Martinelli e o urbanista americano Michael King apresentaram durante a tarde do último dia 28/11, no auditório do EFI – Espaço Físico Integrado, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os dados apurados através das pesquisas do PLAMUS e as propostas de solução para a mobilidade da Região Metropolitana. Mais de 100 participantes acompanharam os resultados apresentados. Além destas mostras, uma nova rodada de oficinas está sendo oferecida pelo projeto, em quatro edições, realizadas em São José, Florianópolis, Biguaçu e Palhoça, reunindo participantes de todos os municípios atendidos pelo PLAMUS. Já nesta última semana, São José deu início a esta nova série e recebeu a equipe do PLAMUS no dia 04/11, quarta feira, no auditório do CATI – Centro de Atendimento à Terceira Idade, dando continuidade ao processo participativo. Em seguida, na quinta feira (05/12), foi a vez de Florianópolis, que contou com a participação expressiva de gestores, técnicos e representantes da sociedade civil, reunindo mais de uma centena de pessoas no auditório da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Florianópolis (CDL). Esta semana será a vez de Biguaçu, na quarta feira 10/12, e Palhoça, na quinta feira 11/12, receberem as oficinas “Debates das Propostas do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis – PLAMUS”.

Seminários e Oficinas do PLAMUS revelam e discutem soluções

O arquiteto e urbanista Maurício Feijó apresentou as propostas de soluções do PLAMUS em São José (foto) e em Florianópolis.
O arquiteto e urbanista Maurício Feijó apresentou as propostas de soluções do PLAMUS em São José (foto) e em Florianópolis.

Os encontros em São José e Florianópolis contaram com um público amplo. Em São José, estiveram presentes o secretário de Planejamento, Bernardo Meyer e representantes da secretaria e Segurança, da Procuradoria, do Fórum de Cidadania e da Associação Granfpolis, entre outros. A oficina de Florianópolis contou com as presenças do Secretário de Mobilidade Urbana, Valmir Piacentini, do Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Dalmo Vieira Filho, o superintendente do IPUF – Instituto de Planejamento Urbano, Dácio Medeiros, de empresários do transporte público, representantes do sindicato dos taxistas, acadêmicos, cicloativistas, ONGs e líderes da sociedade civil. Os dois encontros foram abertos pelo coordenador das oficinas, Hélio Costa, que realizou um relato das questões e demandas discutidas na primeira rodada de atividades, realizada entre março e maio deste ano. Costa revelou as situações críticas que emergiram nos debates, como o transporte coletivo com frequência irregular, as calçadas inadequadas e congestionamentos diários, tematizados nas discussões com o corpo técnico do PLAMUS. Daniely Votto, da EMBARQ Brasil, participou da coordenação do conjunto das oficinas do PLAMUS, orientando o rumo das discussões. Para ela as informações apuradas e discutidas nos debates contribuíram para o desenvolvimento de uma vigorosa sinergia entre o público participante e a equipe técnica do PLAMUS: “A elaboração do diagnóstico técnico da situação da mobilidade na Grande Florianópolis contou fortemente com o apoio da sociedade civil e o engajamento de técnicos da maioria dos municípios participantes. Estamos muito satisfeitos e impressionados com o comprometimento e entusiasmo dos participantes em toda as etapas até aqui”.

O arquiteto e urbanista Maurício Feijó, da LOGIT, uma das empresas que formam o consórcio responsável pelo PLAMUS, também está colaborando com a nova rodada de oficinas. Feijó, que está trazendo a público um resumo dos objetivos do PLAMUS, com o histórico do trabalho que foi realizado ao longo de 2014 e as soluções elaboradas para a Grande Florianópolis, defende a importância das oficinas: “Estamos no último quarto do projeto. Concluímos as pesquisas de veraneio e de período regular, utilizamos uma ferramenta de computador para simular as diferentes opções de transporte e fizemos projeções de crescimento das cidades até 2040 para termos uma visão do futuro da mobilidade e do desenvolvimento da região. Por isso é tão importante realizarmos estas oficinas, para termos certeza que a visão que temos do futuro de Florianópolis é a mesma visão que as pessoas que moram na cidade têm”.

Soluções para a Grande Florianópolis

As soluções recomendadas pelo PLAMUS estão agrupadas em seis grandes temas: 

→ Desenvolvimento Orientado ao transporte: promoção do crescimento urbano de forma que os bairros sejam estruturados pela disponibilidade de transporte coletivo e de modais de transporte não-motorizados
→ Reestruturação do transporte coletivo de forma integrada para toda a região metropolitana: criação de sistema de transporte que conecte os municípios do continente entre si e com a Ilha de Santa Catarina de forma eficiente
→ Priorização de modais não motorizados: em acordo com a Lei Nacional de Mobilidade Urbana, dar prioridade e boas condições para pedestres e ciclistas
→ Gestão da demanda: administração inteligente acompanhando o crescimento da demanda de transportes e realizando contínua manutenção do sistema viário;
→ Regulação do transporte de mercadorias: restrição de horários no transporte de cargas e uso de veículos adequados
→ Expansão da capacidade viária e gestão de tráfego: realização de obras maiores para soluções em longo prazo e controle do trânsito

Quarta ponte pode não ser necessária

Entre os diversos dados divulgados até o momento, chama atenção a situação das pontes Pedro Ivo e Colombo Salles, que estão 99% saturadas em horários de pico. Por elas, cruzam diariamente 172 mil veículos e 24.500 motocicletas. A solução que à primeira vista seria ‘mais óbvia’ para este problema, de acordo com Maurício Feijó, não é necessariamente a mais adequada: “A saturação das pontes não significa que a solução seria construir uma quarta ponte. Vias como a BR-101, a Via Expressa e a Beira-Mar Norte também estão saturadas, então não teria para onde distribuir os veículos que trafegariam em uma quarta ponte. A solução pode ser diminuir o número de veículos que cruzam as pontes já existentes. Sabemos que 75% desses veículos são automóveis e 13% motocicletas, transportando 11 mil pessoas por hora e ocupando 90% da capacidade viária. Já os ônibus, por outro lado, representam 3% dos veículos, ocupam 1% da ponte e transportam 10 mil pessoas por hora. Ora, 240 ônibus podem transportar 18 mil pessoas e significariam 6.300 automóveis a menos, em apenas uma hora”, explicou.

Urbanização dispersa deve ser revista

 Da esq. para a dir.: Guilherme Medeiros, coordenador técnico do PLAMUS, Dalmo Vieira, Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento, e Valmir Piacentini, Secretário de Mobilidade Urbana da Capital.
Da esq. para a dir.: Guilherme Medeiros, coordenador técnico do PLAMUS pela SC Parcerias, Dalmo Vieira Filho, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento, e Valmir Piacentini, secretário de Mobilidade Urbana da Capital.

O padrão de uso do solo caracterizado por uma urbanização dispersa, baixas densidades populacionais e concentração de empregos e serviços no Centro da Ilha de Santa Catarina foram exemplificadas como questões que também dificultam um desenvolvimento urbano mais equilibrado e a implementação de sistemas de transporte de qualidade. “Quanto mais compacta e funcional é uma cidade, mais eficiente poderá ser o transporte coletivo. Hoje as viagens são dispersas e acabam provocando uma preferência pelo transporte individual”, explicou Feijó. Desenvolver o transporte coletivo, fomentar o uso de modais não motorizados e incentivar o desenvolvimento da região continental são algumas das propostas do PLAMUS para remediar estas questões. Para chegar às soluções, a equipe fez dois tipos de projeção de crescimento urbano. Primeiro o “Tendencial”, que se relaciona com o modelo atual, caso seja mantido. Em seguida, o “Orientado”, que engloba os conceitos que serão propostos pelo PLAMUS.

Novos eixos metropolitanos

As projeções de crescimento traçadas pelo corpo técnico do estudo para a Área Metropolitana de Florianópolis revelam que a região cresce 1,18% ao ano. Se o cenário atual for mantido, até 2040 o número de domicílios saltará de 327 mil para 493 mil, os automóveis aumentarão de 306 mil para 725 mil e a urbanização será ainda mais dispersa e desestruturada, com ampliação das distâncias a serem percorridas pela população em busca de empregos ou serviços. Nessa tendência o automóvel, que já é utilizado em excesso e corresponde a 48% dos deslocamentos diários, continuaria sendo a opção mais vantajosa em relação ao transporte coletivo e a outros modais.

“Hoje o Centro de Florianópolis acumula diversas funções. A solução em longo prazo passa por quebrar a lógica dos eixos tradicionais e fomentar o uso do solo e o desenvolvimento da região continental, equilibrando a expansão. Não se trata de tirar importância de Florianópolis, que seguirá sendo a Capital do Estado, mas de tornar a urbanização mais equilibrada e fazer com que o Centro sofra menos à medida que cresce a população”, explicou Feijó, e complementa: “Acreditamos que a recomendação ideal para a região é implantar um sistema troncal que nomeamos ‘2H’, no Continente e na Ilha. Serão avaliadas diferentes opções de sistemas de transporte de média e alta capacidade, como BRT, VLT e Monotrilho. Nossa visão é de um sistema integrado entre os municípios, onde novos eixos Norte-Sul estruturarão as relações entre os municípios e promoverão acessibilidade além da BR-101”.

A avaliação do PLAMUS é que troncais implantados a Oeste da BR-101 poderão estruturar amplas áreas com potencial de desenvolvimento, garantindo uma ocupação sustentável e a preservação de áreas com fragilidades ambientais. A opção por BRT, VLT ou Monotrilho será avaliada tendo em vista custos de implantação, capacidade do modal e demanda projetada. Os novos eixos viários propostos pelo estudo abarcam um sistema de circulação que privilegia o transporte coletivo e o transporte não motorizado, denominado “trinário”.

Desenvolvimento Orientado

PLAMUS projeta ruas completas para Florianópolis, com calçadas largas, ciclovias e trânsito disciplinado.
A equipe técnica do PLAMUS aponta para um modelo de urbanismo contemporâneo em que os veículos particulares ficam em segundo plano, e a convivência entre as pessoas e a fruição da cidade são valorizadas por deslocamentos a pé, bicicleta e transporte coletivo.

O desenvolvimento orientado pelo transporte nos municípios do continente e na Ilha, contemplado pela sugestão de implantação do sistema troncal 2H, é considerado como primordial para o futuro da região. Para que todas as questões de mobilidade sejam atendidas, no entanto, diversas outras questões estão sendo avaliadas pelo PLAMUS:

Transporte aquaviário: está sendo avaliado de acordo com as diversas oportunidades que as características da Ilha oferecem. O corpo técnico está estudando rotas, pontos de atracação, características das embarcações, entre outros fatores.

Pedestres: Os conceitos de Ruas Completas e de Zona 30 serão testados como propostas para melhorar a caminhabilidade na Capital. A área Central de Florianópolis, o Centro de Biguaçu e o bairro Kobrasol, em São José, foram indicados como as primeiras áreas onde estes conceitos seriam aplicados na prática.

Bicicletas: serão apresentadas propostas de expansão da rede cicloviária com estacionamentos, compartilhamento de bicicletas, novas conexões e 300 quilômetros a mais de ciclovias, a um custo de R$ 60 milhões.

Obras: remodelações e construções mais custosas, para soluções em longo prazo, também serão apresentadas. O redesenho das vias, a expansão da capacidade viária e a própria construção da quarta ponte, caso seja decidido fazê-la, serão testadas no simulador.

Para conhecer mais os resultados do PLAMUS e participar das discussões, venha às oficinas de Biguaçu e Palhoça. Os eventos são abertos ao público e gratuitos. Aproveite e inscreva-se pelo canal:

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