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Biguaçu, Palhoça e municípios do Continente discutem as propostas do PLAMUS para a mobilidade da região


Oficinas de exposição de resultados e debates foram realizadas na última semana

15/12/2014

A oficina de Biguaçu abrangeu também as questões de mobilidade dos municípios de Antônio Carlos e Governador Celso Ramos, buscando construir um planejamento integrado entre as três cidades.
A oficina de Biguaçu abrangeu também as questões de mobilidade dos municípios de Antônio Carlos e Governador Celso Ramos, buscando construir um planejamento integrado entre as três cidades.


O Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis – PLAMUS realizou ao longo da última semana, em Biguaçu e Palhoça, duas oficinas de debates das propostas que visam solucionar a mobilidade na região metropolitana da Capital. O encontro no município de Biguaçu foi realizado no campus da Univali, na quarta-feira (10), e contou com as participações do secretário de Planejamento do município, Felipe Asmuz, do diretor de Trânsito, Carlos Henrique Rech, da superintendente de Engenharia, Genivalda Ronconi, além de arquitetos, engenheiros e técnicos da Prefeitura. O secretário de Planejamento de Antônio Carlos, Paulo Andrey Pauli, também acompanhou a reunião.

Na quinta-feira (11) foi realizada uma nova oficina em Palhoça, no bairro Pedra Branca, considerado modelo em sustentabilidade urbana no Brasil, e contou com as presenças do Secretário Adjunto de Palhoça, Eduardo Freccia, da arquiteta da prefeitura local, Kristy Fabre, da Diretora de Projetos, Nara Schutz, além de outros técnicos municipais de Palhoça. O Secretário de Projetos de Santo Amaro da Imperatriz, Willian Westphal, e o secretário da Prefeitura de São Pedro de Alcântara, Gilson P. Testoni, também participaram das atividades.

Paulo Andrey Pauli, Secretário de Planejamento de Antônio Carlos, crê que maior desafio do município é planejar as vias e a humanização das ruas de modo a trazer segurança para pedestres e ciclistas.
Paulo Andrey Pauli, Secretário de Planejamento de Antônio Carlos, crê que maior desafio do município é planejar as vias e a humanização das ruas de modo a trazer segurança para pedestres e ciclistas.

Hélio Costa, consultor da Logit Engenharia e coordenador das oficinas do PLAMUS, apresentou os resultados da primeira fase de oficinas promovidas em Biguaçu e em Palhoça entre os meses de abril e julho deste ano. Costa explicou que as diversas questões que foram levantadas nestes encontros - como a baixa frequência do transporte coletivo, pouca integração entre os modais, infraestrutura viária deficiente, a ausência de centralidades e o excesso de veículos individuais – nortearam o corpo técnico do estudo na busca por um diagnóstico dos fatores que dificultam a mobilidade na região. “Durante as oficinas, nós pudemos apurar as percepções apresentadas e discutidas pelos participantes sobre as questões urbanas e de mobilidade dos municípios. Isso nos permitiu ter uma visão global dos problemas e dos objetivos, de forma a dar embasamento a um diagnóstico. Isso significa que não nos contentaremos em listar o que precisa melhorar, mas sim propor ações e soluções concretas”, definiu Costa.

Como resultado do processo participativo das oficinas, algumas iniciativas de planejamento e gestão ampliados foram apontadas como estratégicas, sendo que algumas delas já estão em pleno andamento:

- Desenvolver o Plano de Mobilidade Urbana fundamentado em processo participativo, dinâmico, intersetorial e integrado;
- Ter uma visão global das questões de mobilidade por parte dos órgãos governamentais e da sociedade civil;
- Conceber um plano de governança com vínculos de cooperação entre os municípios da Grande Florianópolis;
- Criar uma lei definindo a Região Metropolitana da Grande Florianópolis e prover recursos para geri-la;
- Atualizar os Planos Diretores Municipais.

Pendularidade

O urbanista Maurício Feijó, da LOGIT, uma das empresas que formam o consórcio responsável pelo PLAMUS, explicou como funciona o escopo do projeto, desde a evolução das pesquisas até a importância do envolvimento da sociedade civil e das prefeituras no processo de elaboração do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável. Ele explicou que as primeiras fases do projeto foram concluídas com sucesso e que a terceira etapa foi recentemente iniciada, com a exposição e debate de propostas: “Este é o momento de discutirmos a visão que temos para o futuro da região, além de definir e caracterizar as propostas de soluções”, resumiu.

O gráfico indica a grande concentração de empregos, serviços e centros acadêmicos na região Central de Florianópolis, provocando alta pendularidade de viagens.
O gráfico indica a grande concentração de empregos, serviços e centros acadêmicos na região Central de Florianópolis, provocando alta pendularidade de viagens.

Algumas das principais características da região que ajudam a explicar a complexidade em solucionar a mobilidade são, segundo Feijó, o padrão de uso do solo, marcado pela urbanização dispersa, a concentração de empregos em poucos locais e as baixas densidades. “Cada vez mais tem gente morando longe do trabalho em locais onde há apenas residências, sem polos de emprego. A pendularidade, caracterizada pelo deslocamento diário de um grande número de moradores do continente rumo a Florianópolis para trabalhar, é muito nociva ao sistema de transportes. O ônibus vai lotado, deixa muitos passageiros no Centro e volta vazio, sem girar a catraca no retorno. Isso aumenta o custo do ônibus e dificulta uma boa frequência. Isso torna o transporte individual, ou seja, o carro, mais atraente”.

Desenvolvimento Orientado

Para mudar esse quadro de preferência ao automóvel, identificado como um dos maiores entraves à mobilidade em Florianópolis, o PLAMUS propõe uma estratégia: “Nos preocupa imaginar que os municípios do continente vão continuar sofrendo com falta de emprego enquanto a população aumenta. Precisamos alterar esta lógica em que o Centro da Ilha concentra renda, empregos e deslocamentos e criar, nos municípios do continente, centralidades que minimizem a necessidade de deslocamentos. Para isso, o PLAMUS propõe aplicar conceitos de Desenvolvimento Orientado pelo Transporte”, explicou o arquiteto e urbanista.

O Desenvolvimento Orientado ao Transporte seria promovido pela implementação de um sistema denominado ‘2H’, criando um sistema de transportes troncalizado de média capacidade – que pode ser BRT, VLT Monotrilho, opções que serão testadas em um simulador para a escolha do modal mais viável – e com a possibilidade da criação de novos eixos de desenvolvimento a Oeste da BR-101. Isso possibilitará equilibrar os fluxos na região continental – que hoje depende exclusivamente da BR-101, desenvolvendo a região metropolitana de forma mais equilibrada. O sistema troncal ligaria, de Norte a Sul, Palhoça, São José e Biguaçu no Continente, e as regiões Norte e Sul da Ilha de Santa Catarina, ao Leste. “Palhoça, São José e Biguaçu não podem continuar dependendo da BR-101 para se conectarem. Se a situação atual continuar, o desenvolvimento dos municípios será prejudicado. Criar conexões alternativas à BR-101 permitirá que os futuros loteamentos que estão sendo criados no interior dos municípios sejam interligados sem necessidade do morador usar a BR-101 para se deslocar”, explicou Feijó.

Além de facilitar os deslocamentos, a proposta do PLAMUS permitiria que novos polos de emprego e geração de renda sejam criados no Continente. Com as pontes saturadas a níveis de 99% em horários de pico e com vias de acesso importante como a BR-101, a Via Expressa e a Beira-Mar Norte apresentando índices de saturação semelhantes, esses polos serão cruciais para o equilíbrio urbanístico da região: “Não necessariamente todos vão deixar de trabalhar no Centro de Florianópolis, mas o fato é que, se houver maior oferta de empregos em Palhoça, mais pessoas vão optar por trabalhar perto de casa. Isso equilibraria o transporte coletivo e é o objetivo deste princípio conhecido como ‘Desenvolvimento Orientado ao Transporte’”.

Projeções

Eduardo Freccia, à esquerda, é secretário adjunto de Infraestrutura e Planejamento da Prefeitura de Palhoça.
Eduardo Freccia, à esquerda, é secretário adjunto de Infraestrutura e Planejamento da Prefeitura de Palhoça.

Diversas outras questões que vêm sendo analisadas pelo corpo técnico do estudo, como a construção de 300 quilômetros de ciclovias interligadas na região, a implementação de rotas hidroviárias nas baías Norte e Sul da Beira-Mar, e a promoção dos conceitos de Ruas Completas e de Zonas 30 em diversos bairros, as quais foram esmiuçadas nas apresentações da equipe do PLAMUS. A partir dos dados atuais e das projeções de crescimento urbano traçadas para até 2040, o corpo técnico do estudo está utilizando um programa de computador (TransCAD) para simular com precisão o cenário atual e também projetar o que acontecerá com a região considerando dois cenários de desenvolvimento: o modelo tendencial, mantendo a característica de desenvolvimento, aleatório, disperso e com baixas densidades, e o cenário de desenvolvimento orientado, com crescimento mais compacto e adensado próximo aos eixos de transporte de maior capacidade que estão sendo propostos.

“O bairro Pedra Branca é uma referência. Há muitos atributos do padrão de urbanização usado aqui que podem ser adotados em outras áreas dos municípios. O principal passo para que o modelo de desenvolvimento da Pedra Branca seja completo é melhorar o atendimento do transporte público”, apontou o coordenador do PLAMUS, Guilherme Medeiros, durante a oficina de Palhoça.

O secretário de Planejamento de Biguaçu, Felipe Asmuz, participou de todas as oficinas do PLAMUS realizadas até o momento e acredita na boa repercussão que o estudo terá no planejamento metropolitano.
O secretário de Planejamento de Biguaçu, Felipe Asmuz, participou de todas as oficinas do PLAMUS realizadas até o momento e acredita na boa repercussão que o estudo terá no planejamento metropolitano.

O secretário adjunto da Prefeitura de Palhoça, Eduardo Freccia, está satisfeito com os resultados: “O PLAMUS vem nos ajudar naquilo que buscamos, ou seja, melhorar as condições de mobilidade urbana, um problema crônico da região. Temos o entendimento que é preciso realmente integrar o transporte aos demais municípios. O PLAMUS é um trabalho muito relevante que estamos acompanhando desde as oficinas, será um instrumento para nossas decisões futuras e para o desenvolvimento nos próximos anos. Vamos seguir participando ativamente da conclusão do estudo".

Felipe Asmuz, secretário de Planejamento de Biguaçu, também apoia o projeto e o considera um dos mais importantes planos de desenvolvimento regional do País: “A secretaria de Planejamento de Biguaçu participa ativamente do estudo com sua equipe técnica e esses dados apresentados hoje vêm corroborar as impressões que tínhamos sobre os problemas da mobilidade urbana regional. Tudo o que nos foi apresentado cria condições para que Biguaçu desenvolva seu Plano Municipal de Mobilidade Sustentável de forma integrada com os planos de Antônio Carlos e Governador Celso Ramos”, definiu.


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