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Sistema BRT de transporte coletivo é apresentado como uma das soluções para melhorar a mobilidade da Grande Florianópolis


Com base nas análises das pesquisas realizadas e simulações de cenários, especialistas apresentam ao Comitê Técnico de Acompanhamento do PLAMUS detalhamento das propostas

13/02/2015

Cerca de 30 pessoas, dentre representantes governamentais, térnicos municipais, professores da UFSC e especialistas acompaharam a apresentação realizada pela equipe do PLAMUS.
Cerca de 30 pessoas, dentre representantes governamentais, térnicos municipais, professores da UFSC e especialistas acompaharam a apresentação realizada pela equipe do PLAMUS.

O Comitê Técnico de Acompanhamento do PLAMUS – Plano de Mobilidade Sustentável da Grande Florianópolis reuniu-se na tarde da última terça-feira (10), para detalhar e discutir as soluções para a mobilidade urbana da região. A apresentação foi conduzida pelo presidente da LOGIT, Wagner Colombini Martins que, de posse das projeções de crescimento da Região Metropolitana até 2040, abordou as alternativas de solução possíveis de serem implantadas nos próximos anos e a comparação dos custos e dos benefícios de cada uma dessas alternativas.

Durante o encontro a equipe presente teve a oportunidade de conhecer e analisar os dados comparativos de desempenho entre os sistemas BRT (Bus Rapid Transit), VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) e o Monotrilho, considerando as variáveis de custo e tempo de implantação, performance  funcional, de benefícios para os usuários e de retorno socioeconômico. Para entender os benefícios resultantes de cada uma das soluções possíveis, Colombini detalhou a metodologia de cálculo utilizada, que deduz do valor total dos custos de implantação a soma dos benefícios oferecidos pelo modal analisado. Fatores como o tempo de viagem, custos originados por acidentes, o impacto ambiental e custos operacionais, por exemplo, são variáveis consideradas neste cálculo.  Foi considerado o horizonte de implantação da rede completa de transporte público, incluindo 87 km de linhas troncais de média/alta capacidade. Como resultado, o sistema BRT demanda investimentos estimados em R$ 1,23 bilhões, apontando um benefício líquido positivo equivalente a R$ 411 milhões além do valor total investido (total dos benefícios, descontados os investimentos). Já a solução mista, envolvendo de forma complementar os sistemas BRT e VLT, necessita de investimentos na ordem de R$ 3,2 bilhões, e resultou em um benefício líquido negativo de R$ 676 milhões. O BRT também apresentou melhor desempenho em termos de economia de tempo ao reduzir o tempo médio de viagem, que atualmente é de 40 minutos, para 33 minutos. O especialista também informou que a avaliação socioeconômica do sistema monotrilho também está sendo desenvolvida, mas antecipou que, devido aos elevados custos de implantação dessa tecnologia, provavelmente os resultados serão menos favoráveis.

O consórcio responsável pelos estudos está também avaliando os benefícios socioeconômicos que poderão ser proporcionados pela implantação de um modelo de desenvolvimento urbano inteligente, baseado nos conceitos de Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável - DOTS (em inglês, Transit Oriented Development – TOD). Esses conceitos pressupõem a concessão de incentivos à densificação e crescimento da cidade em distâncias próximas aos corredores de transporte público que estão sendo projetados, complementando-se com o uso misto do solo e uma infraestrutura e desenho urbano amigáveis para pedestres e ciclistas. Em contrapartida, deve-se controlar o crescimento das áreas em que é difícil a implantação dos corredores de transporte público de alta capacidade. Em análise preliminar os benefícios líquidos da implantação da rede de BRT com o cenário orientado praticamente triplicam, passando de R$ 411 milhões para 1,37 bilhões.

O presidente de LOGIT e engenheiro, Wagner Colombini Martins, conduziu a apresentação e o debate sobre as definições técnicas
O presidente de LOGIT e engenheiro, Wagner Colombini Martins, conduziu a apresentação e o debate sobre as informações técnicas elaboradas pelo PLAMUS.

Propostas complementares como a implantação do transporte aquaviário e a expansão das ciclovias também estiveram na pauta do encontro. Além destas, foram analisadas as obras rodoviárias da região que já estão em andamento ou que estão previstas para ocorrer em breve, como o Anel de Contorno Viário, a duplicação da Rodovia SC-403 (acesso a Ingleses), o novo acesso ao Aeroporto e Sul da Ilha e o elevado do Rio Tavares. “Estas obras trarão benefícios localizados que evitarão a piora da mobilidade até 2020, mas, se nada mais for feito, seus benefícios irão se deteriorar a partir de então,” alerta Colombini. De acordo com o estudo, a expansão da capacidade viária de Florianópolis só será efetivamente eficiente se for combinada com a implantação de um sistema de transporte coletivo eficiente e de qualidade, pensado dentro dos princípios do Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável - DOTS. A indicação se aplica especialmente aos municípios continentais que formam a Região Metropolitana: “A Ilha logicamente possui limitações físicas e não há para onde crescer. No Continente, por outro lado, há muito espaço para o desenvolvimento. É preciso fomentar o crescimento urbano da região, criar empregos e serviços e oferecer transporte de qualidade no Continente para desafogar a Ilha e resguardar seu equilíbrio ambiental, que é bastante sensível”, explicou Colombini.

Roberto de Oliveira, professor do Programa de Pós-graduação em Arquitetura da UFSC, falou durante o encontro sobre sua satisfação com os resultados do trabalho realizado pelo PLAMUS: “Tenho a ousadia de dizer que a inteligência no desenvolvimento urbano aportou em Santa Catarina. Antes se fazia planejamento sem pesquisa, isso não existe, pois vai conduzir a erros e a resultados desastrosos. Sem dados e sem informação, não se chega a lugar nenhum. O sistema integrado de transporte de Florianópolis está provocando uma perda de passageiros e, cada vez que um passageiro vai embora, ele compra um carro. Os dados que o PLAMUS coletou confirmaram o que já imaginávamos, mas não tínhamos certeza técnica”. Também da UFSC, a professora da Engenharia Lenize Grando Goldman reforçou a expectativa positiva: “É um trabalho técnico muito bom, baseado em dados reais, coletados em campo e baseado na realidade das cidades, com propostas que não estão fora da realidade e que indicam um caminho muito bom para o desenvolvimento da cidade. Se o estudo for bem aproveitado, a tendência é melhorar muito a mobilidade em Florianópolis”.

O Superintendente de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis - SUDERF, Cássio Taniguchi participa de encontro do Comitê Técnico do PLAMUS.
O Superintendente de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis - SUDERF, Cássio Taniguchi participou do encontro do Comitê Técnico do PLAMUS.


Cássio Taniguchi, novo Superintendente da Região Metropolitana da Grande Florianópolis, aproveitou o encontro para se apresentar oficialmente ao Comitê e expôs o direcionamento que pretende dar às ações à frente da SUDERF: “Tenho por hábito ouvir muito todas as partes envolvidas e teremos uma série de reuniões para agilizar a implantação do PLAMUS. Foi um trabalho extensivo, com uma quantidade enorme de dados e pesquisas necessários ao planejamento das próximas ações de mobilidade. Será, portanto, muito importante para nosso trabalho. Sou apaixonado por Florianópolis já há muitos anos o que torna o trabalho gratificante, com grandes desafios e esperamos grandes resultados”.

A reunião aconteceu na sede da SC Parcerias e contou com as presenças do Secretário de Planejamento de Santa Catarina, Murilo Flores, secretários e técnicos das prefeituras dos municípios abrangidos pelo estudo, dentre eles do Secretário de Mobilidade Urbana de Florianópolis, Valmir Piacentini, do Superintendente do IPUF, Dácio Medeiros, e do Secretário de Planejamento de São José, Bernardo Meyer, além da organização EMBARQ Brasil, parceira do projeto, de representantes do BNDES, da SCPar e das empresas que formam o consórcio responsável pelo PLAMUS – LOGIT, Strategy& e Machado Meyer. Também participaram da reunião, representantes da sociedade civil, especialistas e professores da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina.

O corpo técnico à frente do PLAMUS se ocupa no momento da sistematização das propostas de solução para a mobilidade urbana da região. Todos os dados coletados e compilados estão sendo convertidos em gráficos, tabelas e outros métodos de síntese que facilitarão a leitura das informações, assim como as projeções de crescimento, simulações técnicas, elaboração de cenários caso a caso e análises comparativas para garantir o desenvolvimento urbano planejado da Grande Florianópolis. A previsão é de que o projeto seja concluído com a publicação de um relatório contendo o resultado completo do estudo, desde os dados das pesquisas de campo até o diagnóstico da situação e as propostas para a mobilidade e o desenvolvimento urbano da Grande Florianópolis. Conforme o coordenador do projeto pela SC Parcerias, Guilherme Medeiros, “em paralelo com a conclusão dos estudos, a recém criada Superintendência Metropolitana está organizando a sua estrutura, preparado a aplicação das alternativas de curto, médio e longo prazos, que de forma integrada proporcionarão a melhoria da mobilidade e do ambiente urbano em nossas cidades, proporcionando a qualidade de vida que todos desejamos.”


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