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PLAMUS e Rede Vida no Trânsito estabelecem parceria para tornar o trânsito de Florianópolis mais seguro


Encontro na Capital definiu compartilhamento de dados e debateu os resultados das pesquisas e estudos apresentados

17/11/2014

Guilherme Medeiros, coordenador técnico do PLAMUS pela SC Parcerias, conduziu a apresentação e os debates sobre o projeto, em reunião com técnicos do IPUF e membros da Rede Vida no Trânsito.
Guilherme Medeiros, coordenador técnico do PLAMUS pela SC Parcerias, conduziu a apresentação e os debates sobre o projeto, em reunião com técnicos do IPUF e membros da Rede Vida no Trânsito.

A sede do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), no Centro de Florianópolis, foi sede, na última quarta‐feira (12), da reunião ampliada da Rede Vida no Trânsito, que contou com a participação das equipes do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis – PLAMUS e do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis ‐ IPUF. Representantes da sociedade civil e de instituições como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Guarda Municipal (GMF) e Secretaria Municipal de Saúde também estiveram presentes. Além de trocar informações e debater ideias, o encontro consolidou a abertura de um canal permanente de diálogo, troca de informações e apoio às ações de planejamento conduzidas pelas três entidades.

“A ideia aqui é unir forças, já que nossas intenções são as mesmas: tornar o trânsito da cidade mais seguro. Precisamos de parceiros como o PLAMUS para qualificar as informações que colhemos”, declarou o médico Leandro Pereira Garcia, um dos articuladores da Rede Vida no Trânsito, na abertura do encontro. Os dados a que Pereira se refere, relacionados aos acidentes de trânsito na cidade, foram apresentados à equipe técnica do PLAMUS ao longo do encontro. A equipe de médicos, técnicos da área da saúde, policiais e gestores ofereceu uma análise dos levantamentos realizados pelas instituições que compõem a Rede, envolvendo as ocorrências de trânsito e as circunstâncias que as provocaram, as estatísticas quanto aos mortos e feridos e as áreas da cidade em que os sinistros ocorrem em maior número, por exemplo.

O médico Leandro Pereira Garcia, um dos coordenadores da Rede Vida no Trânsito, ressaltou a importância de uma ação multissetorial para a melhora nas condições de segurança do trânsito.
O médico Leandro Pereira Garcia, um dos coordenadores da Rede Vida no Trânsito, ressaltou a importância de uma ação multissetorial para a melhora nas condições de segurança do trânsito.

Para Guilherme Medeiros, coordenador técnico do PLAMUS pela SC Parcerias, as trocas de informações promovidas em encontros como este ampliam e aprofundam os estudos e as análises do Projeto: “Queremos que a Rede Vida no Trânsito e a sociedade como um todo se apropriem do PLAMUS. Achamos que a Rede agrega informações e leituras importantes ao PLAMUS e vice‐versa. Juntos podemos nos apoiar e dar continuidade aos dois projetos. Não estamos nos reunindo por acaso, queremos salvar vidas”. O próprio Medeiros ministrou a apresentação do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável aos membros da Rede Vida no Trânsito, acompanhado do engenheiro Paulo Sérgio Custódio, da LOGIT, e de Bruno Malburg, gerente da área de Estruturação e Projetos do BNDES. A equipe técnica do PLAMUS apresentou um resumo do estudo com os dados colhidos ao longo de quase um ano nas pesquisas até aqui realizadas, incluindo a de Origem e Destino. Além disso, foram debatidas algumas conclusões sobre as características urbanas da Grande Florianópolis, como o alto índice de uso do automóvel, o perfil de desenvolvimento concentrado no eixo Leste‐Oeste, a consequente aglomeração das oportunidades de emprego em poucas áreas e a necessidade de se investir em infraestruturas como ciclovias e calçadas, por exemplo.

“Dentro da Rede Vida no Trânsito foi criado um grupo específico para trabalhar com as informações sobre acidentes, com a compilação de dados dos bancos do Instituto Médico Legal (IML), do Sistema Único de Saúde (SUS), da Polícia Rodoviária Militar, da Polícia Rodoviária Federal, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e dos hospitais. É crucial que essas informações sejam cruzadas para obtermos um panorama mais preciso e aprofundado, possibilitando que estudemos também as condutas de risco que causaram os acidentes, como alta velocidade e consumo de álcool. Vamos disponibilizar para o PLAMUS o banco de informações que criamos com os dados sobre acidentes de 2013 e 2014 e certamente os estudos do PLAMUS irão nos ajudar a entender melhor o trânsito da cidade”, explicou Kátia Rebello, articuladora da Rede Vida no Trânsito.

A pesquisa da Rede Vida no Trânsito apontou, por exemplo, que a maior parte das mortes registradas em 2013 ocorreu nas madrugadas de quarta para quinta‐feira e de sábado para domingo, tendo por razões principais o motorista alcoolizado e as velocidades abusivas praticadas no retorno para casa. A grande maioria dos óbitos é de homens entre 24 e 29 anos e quase metade dos falecidos estava pilotando motocicletas. Ainda de acordo com o levantamento da Rede Vida no Trânsito, há uma grande concentração de acidentes na Avenida Gustavo Richard, no Centro, e na SC‐401, no Norte da Ilha. “Para acabar com as mortes temos que ter uma abordagem multissetorial. É o que estamos fazendo na Rede. Nesse sentido o PLAMUS é um trabalho incrível, porque oferece os dados e estudos que poderemos utilizar em nossa missão”, resumiu Leandro.

Zona 30

A arquiteta Vera Lúcia Gonçalves da Silva, do IPUF, coordena o projeto piloto de implantação da Zona 30. Guilherme Medeiros, Paulo Sérgio Custódio e Bruno Malburg, da equipe do PLAMUS, apoiam a ideia
A arquiteta Vera Lúcia Gonçalves da Silva, do IPUF, coordena o projeto piloto de implantação da Zona 30. Guilherme Medeiros, Paulo Sérgio Custódio e Bruno Malburg, da equipe do PLAMUS, apoiam a ideia

Uma das ações concretas a serem realizadas na cidade através da parceria entre a Rede Vida no Trânsito, o IPUF e o PLAMUS é ação piloto Zona 30, que irá ocorrer no Centrinho da Lagoa da Conceição na primeira semana de dezembro. Projetada pela equipe técnica do Instituto de Planejamento de Florianópolis – IPUF, e coordenada pela arquiteta Vera Lúcia Gonçalves da Silva, a implantação de áreas com velocidade reduzida na cidade é fruto de estudos realizados com base em exemplos já introduzidos com sucesso ao redor do mundo.  O conceito “Zona 30” consiste em reduzir a velocidade viária para 30 quilômetros por hora nas ruas em que há movimento intenso e simultâneo de veículos, pedestres e ciclistas. Dentre as medidas, podem figurar o estreitamento das vias para disciplinar o trânsito de carros e possibilitar a ampliação de calçadas e ciclovias. A ideia é humanizar as ruas e torná‐las mais seguras para todos sem impedir o fluxo constante do trânsito.

“Não queremos inventar nada novo, a Zona 30 é um conceito aplicado em todo o mundo com a intenção de melhorar e salvar vidas. Não é um trabalho do IPUF, é da Rede Vida, é do PLAMUS, é de todos. Está todo mundo correndo no trânsito e chegou‐se a um ponto insustentável. Esse projeto resgata o espaço público para as pessoas”, definiu Vera Lúcia. O engenheiro Paulo Sérgio Custódio, consultor do PLAMUS, aprovou e reforçou a proposta: “Diminuir a velocidade não diminui a capacidade de uma via. A 30 km/h, a capacidade da via é a mesma que a 70 km/h. É uma mentira dizer o contrário, na realidade o trânsito flui com mais qualidade a 30 km/h”. Vera também exemplificou o modelo citando os casos das cidades de Graz, na Áustria, e do Rio de Janeiro, cujos bairros onde foi promovida a Zona 30 tiveram redução de 75% no número de acidentes.

A coordenadora da organização Floripa Acessível, Denise Siqueira, e o Inspetor de PRF, Luiz Graziano, acreditam no potencial de conceitos como o Zona 30 para disciplinar o trânsito em Florianópolis.
A coordenadora da organização Floripa Acessível, Denise Siqueira, e o Inspetor de PRF, Luiz Graziano, acreditam no potencial de conceitos como o Zona 30 para disciplinar o trânsito em Florianópolis.

O chefe de comunicação da PRF‐SC, inspetor Luiz Graziano, aprovou a proposta: “Os exemplos dados pela Vera me convenceram. Temos que plantar as sementes para melhorar o trânsito da cidade, e é isso que será feito na Lagoa”. Para a representante da instituição Floripa Acessível, Denise de Siqueira, que costuma enfrentar problemas para transitar em cadeira de rodas, a intervenção pode ser o início de uma mudança positiva na cidade: “Acho que a Lagoa é o lugar ideal para essa proposta. É onde deve predominar a vida a pé. As pessoas vão para curtir a natureza, a lagoa, os bares e cafés. É um projeto‐piloto que é viável para ser levado a muitas regiões em toda a cidade, até porque estamos travados no trânsito a maior parte do tempo e a 30 km/h é até capaz dos carros andarem mais rápido do que atualmente”. 


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